Abro, depois da meia noite, as Palavras Póstumas de Diana Pilatti para olhar mais de perto que pesos carrega esse título. Encontro a mulher morta de Beauvoir. A que se anulou pelo filho, pela casa, pelo marido. A leitura reacende minhas revoltas. Converso com Diana tanto quanto com Simone em O Segundo Sexo. Vejo o massacre de “tornar-se mulher”, assumindo esse lugar amargo desenhado pela sociedade. Assumindo-o sem nenhuma influência biológica, mas pela mão inquisidora do que foi construído histórica e socialmente para o ser mulher. “No espelho condensado/outro rosto me olha”.
“Socorro/inaudível/outro sonho/translúcido/pelo ralo” olho de perto para las muertes chiquitas reservadas à mulher no decorrer da vida. Posso sentir Clarissa Pinkola amargando essa essência acossada. Acima de tudo, olho para a força daquela que se propõe a cavar, até o fundo da ferida, para então começar o processo de cura - nosso, da sociedade. Olho para um caminho, todo feito de apontamentos, de consciência, de olhar direcionado para o início do processo de morte “o mundo dos homens não te merece. Hipólita”
Eva Vilma, sobre o livro Palavras Póstumas, de Diana Pilatti, Volume 5 da II Coleção de Livros de Bolso do Mulherio das Letras.
Texto original no Facebook.
Para ler alguns poemas do livros Palavras Póstumas, clique aqui.
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