No dia 16 de novembro de 2021, a Plataforma Criativa Nuvem Laranja pois uma resenha escrita por Dáfini Lisboa, sobre o livro Palavras Póstumas, confiram:
“Palavras Póstumas”, de Diana Pilatti: poesia à flor da pele
por Dáfini Lisboa
ecos
por um segundo
uma lágrima
é eternidade
(Diana Pilatti)
Por meio de sua poesia, Diana Pilatti transporta o leitor, com primazia e delicadeza, ao corpo e à alma triste de uma mulher vítima de violência, em seu livro de bolso “Palavras Póstumas”, volume 5 da II coleção de livros de bolso do Mulherio das Letras (Editora Venas Abiertas, 2020, 114 páginas).
Uma obra que pode ser lida de uma vez só ou a conta-gotas, aos mais sensíveis, refletindo cada poema e suas nuances tão reais e profundas.
São poemas pelo eu lírico de uma mulher que sofre, mas também tem dentro dela poesia e vida, apesar de enclausurada, e acompanhamos seu arco narrativo poético com reflexão, dor e compreensão. São tratados temas desde violência psicológica e física, medo e solidão, até chegar ao feminicídio. Os poemas também funcionam muito bem sozinhos, derramando nas páginas, com sutileza, assuntos difíceis de serem encarados.
da entrelinha
a palavra escapa
lágrima velada
da fenda do espelho
um velho monstro me encara
(Diana Pilatti)
A poeta usa sabiamente de jogo de palavras e metáforas, como nos versos:
[…] lavo a louça
e meu silêncio arranha as paredes da
cozinha
socorro
inaudível
outro sonho
translúcido
pelo ralo
(Diana Pilatti)
Ao falar de assuntos divergentes na sociedade, Diana consegue nos passar toda dificuldade e dilemas envolvidos na vida desse eu lírico, o qual representa tantas mulheres.
a vida escorre
na contração do tempo
visgo e estrogênio
no azulejo frio
a dor-alívio
uma filha poupada
fêmea-sina
(Diana Pilatti)
O livro também dialoga com outras vozes femininas, por meio de epígrafes e citações, como acima, o que dá novas perspectivas e proporção ao texto de Diana.
Vejo esta obra como um pulso forte da literatura de autoria feminina em Mato Grosso do Sul. Sua poesia trata de temas que precisam ser debatidos, os quais necessitam de vozes poéticas que transmutem essas dores, uma força do papel para a vida. Conscientização, laços, amparo. Pelas palavras, a poesia é transformadora.
o medo congela os ossos
no quarto rarefeito
reverbera sua voz fálica
arranco força do ventre
útero trompas ovários
a força de todas as mulheres
minhas predecessoras
Não!
silêncio mordaz
(Diana Pilatti)
Resenha escrita por Dáfini Lisboa, disponível na íntegra em Nuvem Laranja: Plataforma Criativa.
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