Versos de ressureição

 


Saiu no site da Revista Desvario, organizada pela maravilhosa Thainá Carvalho, o poema Versos de ressureição, do livro Palavras Diáfanas, publicado pela Editora Patuá, em 2021. Um poema forte que, como anuncia seu título, fala sobre a despedida de si e o encerramento de um ciclo dolorido. 


“He dejado mi cuerpo junto a la luz

y he cantado la tristeza de lo que nace”

Alejandra Pizarnik


versos de ressurreição


deixei meu corpo na margem

morno ainda

com os vapores de fim de tarde


conforme a treva cobria o mundo

com uma esponja de luffa

fui limpando as feridas

[algumas abertas ainda]

fendas-cicatrizes


canto uma música antiga

pré-colombiana

cujo nome já não me recordo


as marcas conversam comigo

contam-me suas memórias


pouco antes de concluir meu rito

a água sobe

a treva devora tudo

e nos olhos do guará 

as luas gêmeas mostram o caminho nos beirais da mata


deixo meu corpo na água

morno ainda

madrugada borda meu sudário


e no último soslaio

evaporo com a relva


Diana Pilatti


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