Sigo dia após dia, a reaver minha essência: Prefácio do livro Incandescente, de Eva Vilma



Prefácio que escrevi para o livro Incandescente de Eva Vilma. Livro que faz parte da II Coleção de Livros de Bolso do Mulherio das Letras, publicada pela Editora Venas Abiertas, 2020.


“Sigo

dia após dia,

a reaver minha essência.”

Eva Vilma

 

O ser-poeta emerge na poesia de Eva Vilma na busca constante por si. Ciente que a poesia é a gana que lhe move e que sem ela jaz um “corpo vazio”, apresenta-se para nós leitoras e leitores, ora poeta-caçadora, em busca da palavra ferida a sangrar no emaranhado do poema; ora poeta-arqueóloga, escavando fundo em busca dos “resquícios de humanidade / em tempos de mecanização”. Seu ser-poeta se constrói no “livramento / de amarras na escrita” e sentidora por essência, tece seus poemas fio a fio, um pouco clariciana, mergulhando nos ermos do mundo para se encontrar, e outro tanto manuelina, abrindo asas largas e voando no verso que a nós compõe tão feminina.

E ser-mulher na poesia de Eva, não nos remete ao clichê romântico ou previsível. A mulher-poeta coleciona “revoltas e memórias”, segue para o front de seio à mostra: La Liberté guiando seus “soldados de sonhos”. Seu corpo jamais sucumbirá à mão do machismo e sua alma nunca será derrotada pelo patriarcado!

Mas como toda sobrevivente, leva marcas e algumas feridas ainda não curadas. Então, evoca a poesia-medicinal dentro do rito poético: “meu texto é droga que cura” que deve ser colocada sob “a língua da alma” e permite à leitora e ao leitor respirar fundo deforma que o verso balsâmico lhe penetre fundo corpo e espírito.

Voyer-poeta, Eva nos confidencia que ver a excita e segue lírica “desnudando o mundo” reaprendendo a olhar para as coisas e para si mesma, e é justamente por ter o dom ancestral da visão que não se contenta com migalhas e permite-se as paixões arrebatadoras ante a brevidade da vida...


Diana Pilatti

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